quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Um dia muito intenso...

No passado fim de semana, os Curiosos voltaram às pescas ilhadas, e para isso saíram um pouco da sua zona de conforto (Rogil) para estrear um pesqueiro, já identificado há bastante tempo como potencial alvo. A chegada à pedra correu muito bem, apesar de o caminho ser bastante trabalhoso, quer fora quer depois dentro de água. O mar era muito manso, como tem de estar para chegar com segurança à pedra, pelo menos até ter um pouco mais de prática, pois nota-se que é uma zona de fortes correntes por ter vários caneiros e pedras à volta.

Vista aérea do local. 











O mar neste dia estava manso, mas com um toque absolutamente necessário para dar uns sargos.

Chegámos com o mar a meia maré, na vazante, e rapidamente verificámos que o peixe não estava muito presente, apesar de estarmos numa fase de identificação dos melhores buracos na pedra. Consoante a quantidade e qualidade do peixe que nos parecia andar por ali, ajustámos a bitola das 300 g a ver se traziamos alguns peixes para a grelha suficiente para alimentar 16 pessoas numa refeição. E infelizmente foi essa bitola que foi aparecendo ao longo do dia, embora muito esporadicamente e intercalando com períodos de quase completa inactividade. No meio lá vinha um sargo ou outro com 400/500g. As safias, estranhamente para esta altura do ano, estiveram praticamente ausentes do pesqueiro. Já estávamos quase a preparar-nos para sair do pesqueiro, com o mar já em fase avançada da enchente, quando dei com um buraco onde comecei a tirar sargos consecutivamente. Primeiro na bitola das 300/400g, até começarem a sair entre 600/800 g. Ainda consegui apanhar 4 ou 5 desse calibre. Rapidamente, em poucos minutos, uma pescaria total de cerca de 4 kg, passou a cerca de 8 kg. O objectivo de ter peixe para grelhar para todos foi cumprido.


Quando começaram a entrar uns sargos jeitosos
Parte da pescaria, sem alguns dos maiores que saíram no fim.

Onde está a chave do carro?


Com o Sol a pôr-se rapidamente e sabendo do longo caminho até regressar ao carro, mesmo estando na fase quente de tirar peixe, tivemos de abandonar o pesqueiro. A saída foi tranquila, ainda deu para um mergulho antes de iniciar a longa e dura subida de mais de 100 metros de altura com todo o peso de peixe, material e um dia de pesca inteiro às costas. O problema foi chegar ao topo da falésia e o meu tio não encontrar a chave do carro... ups, ficou na pedra, deve ter caído do saco quando arrumava as coisas na mochila.

A enorme subida (foto tirada de baixo para cima).
Com poucos minutos antes de ficar noite, era impensável descer tudo de novo e voltar à pedra, sem ter a certeza se a íamos encontrar. Demorámos um pouco a abrir a porta do carro com uma técnica que o meu tio conhecia, e tentou fazer uma ligação directa, mas sem chave do carro o volante ia ficar sempre trancado... 

A situação era a seguinte: Quase noite, num local isoladíssimo, beco sem saída, com estrada péssima, a cerca de 5km da vila mais próxima e sem rede de telemóvel. E com toda a gente preocupadíssima em casa (ai a minha avó...) sem poder avisar. Que fazer? 

O Milagre

Estávamos já a mentalizar-nos para uma longa caminhada de 5 km até zonas habitadas à noite, estourados, todos molhados com os fatos vestidos (a roupa estava no porta-bagagens que não se consegue abrir sem chave). Quando do céu apareceram ali, praticamente perdidos, um jipe com um grupo de espanhóis surfistas. No meio daqueles caminhos todos, no meio do nada e àquelas horas, apareceram ali! Não podia ter sido em melhor altura. Deixando as coisas no carro (excepto o peixe), levaram-nos até à vila, onde contactámos para alguém nos vir buscar. 

No dia seguinte tivemos de lá voltar para ir buscar o material de pesca, já no meu carro. Ainda pensámos em voltar à pedra para procurar a chave, porque a suplente estava em Beja. Mas o mar estava completamente diferente, e não arriscámos a ir.

Assim passou um dia longuíssimo. O mais violento em termos físicos que me lembro na pesca, culminado com um problema chato que tivemos de resolver. Felizmente ainda deu para trazer uns bons peixes para casa.


16 comentários:

  1. Atão Jorge!
    Ganda galo... Ainda por cima tinham o carro no beco das canas já estou a ver lolo
    Esse pesqueiro parece facil, mas são mesmo as correntes que o tornam chato de se fazer, para não falar do caminhjo até lá baixo... Ao menos ainda safaram uns bons peixes, senão era um dia para esquecer, assim vão sempre lembrar essa pesca com um sorriso na cara!
    Tens de arranjar maneira de levar a prancha as costas para as mãos andarem livres :)

    Parabens pela investida!
    Um abraço.

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    1. Ya, beco das canas... não sabia que lhe chamavam assim, mas faz realmente sentido!

      A entrada para o pesqueiro deve ser mesmo complicada com mares um pouquinho maiores, nem é preciso subir muito... o caminho acho que é mais a grande altura que a dificuldade em si.

      Pois, isso de levar a prancha às costas não sei bem como fazer... há descidas onde tem de ser, mas para já os sítios que fui ainda não foi preciso.

      Obrigado e um abraço!

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  2. Pois o melhor é eu nem falar nada...a 1ª vez que perco uma chave em 50 anos.
    No dia seguinte, como não dava para voltar ao local da "chave perdida", fomos ver conhecer melhor os cantos daquela zona. E descobrimos locais que não são para nós, e outros a explorar.
    Ainda fomos fazer uma "ilhadazita" visto que tinhamos as pranchas que estavam no meu carro, Foi bom para praticar mais as travessias de prancha. Foram 238m, e mais uns peixes, um razoavel sargo e 6 safias "daquelas", grandes e muito gordas. Por norma detesto pesqueiros com muitas safias, tipo praga, mas numa altura em que elas andam arredadas, foi bom termos apanhado tais exemplares.
    O resultado do fim de semana, foi umas pescarias razoaveis, dias bem passados com o meu sobrinho, eu praticamente "morto" de cansaço......e uns problemas gerados com a maldita chave

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    1. Tens a certeza que mediste isso bem? No meu google earth diz que nadámos 350 metros no Domingo para chegar à pedrinha... e já lá voltei para confirmar!

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  3. Já ouviste falar em "mosquetão" e "bidão"? LOL É o que utilizo para prender a chave do carro ao ceirão ou então para colocar as chaves nas ilhadas.
    8Kgs nesta altura do campeonato é excelente porque as águas têm andado ruins e a maioria do pessoal tem apanhado 2 ou 3 peixes...

    Saúdinha! ; ))

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    1. Quer dizer, costumam colocar as chaves num pequeno bidão para não molhar e depois usam um mosquetão para prender ao ceirão?

      Se tivessemos saído meia-hora mais cedo tinha sido fraco, mas assim lá se compôs a pescaria. Realmente o peixe não tem andado fácil, os sargos não são muitos mas ainda vão comendo bem, agora as safias é que estou a estranhar imenso.

      Abraço!

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    2. tenho de ver essa sugestão. Na realidade anda tudo dentro de uma bolsa. estavam lá os documentos, telemovel, chaves de casa, maquina fotografica, um pacote de pastilhas (não sei a fazer o quê) e até uma chumbadinha de 20gr....só caiu a chave do carro 0.0

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    3. A malta do Rogil tá habituada a meter as coisas num saco plástico e depois atam na ponteira da cana... eheheh
      No Decathlon existem uns bidons estanques baratos mas um bidão daqueles dos suplementos energéticos, que utilizam nos ginásios, também faz a vaza mas para isso é necessário colocar um saco plástico na boca do bidão e fechar com a tampa para ficar estanque ; )
      Falem com o Fernando da bomba ou com o TóZé que eles têm um bidão cada e mostram-vos.

      Saúde, da boa! ; ))

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    4. Ok, obrigado pela sugestão, havemos de ver isso. Apesar de não ter acontecido comigo desta vez, é algo que posso aproveitar para prevenir.

      Abraço

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  4. Epá isso da chave é que foi um filme do caraças... :)
    Já não foi mau sempre safaram a pesca ali no último minuto!
    Aquilo até se faz bem a subir puxa ali um pouco pelos musculos das pernas, mas até faz bem à saúde... LOL
    O pesqueiro é bom mas é quando está nas condições da foto da vista área... LOL
    Essa foto foi tirada com algum drone ou quê? LOL
    Bem vcs agora não querem outra coisa é só dar à barbatana, até foram aquelas ilhotas lá para os lados do vosso filme online! :)

    Forte Abraço e força ai!

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    1. É a única maneira de dar com uns peixinhos nestes tempos difíceis, e como Curiosos que somos gostamos de experimentar vários novos locais! Ainda antes de ver os vosso vídeos, já tinha identificado estas pedras como "alvos exploratórios" quando fomos até esses lados pescar/explorar no Inverno passado.

      A foto aérea não me lembro de onde veio, mas encontrei-a algures na net. É capaz de vir daqui: http://portugalfotografiaaerea.blogspot.pt/

      E sim, nesse dia devia estar espectacular para lá pescar, o problema era a porrada que se levava a chegar lá. Uma cabeça partida e com sorte LOL!

      Um abraço

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    2. A subida faz bem á saude...sem duvida. mas os meus pobres musculos já têm 50 anos em cima. temos que fazer uns "base-camps" na subida, como os alpinistas fazem quando sobem o Everest kkkkk
      Realmente iniciar-me nesta vidas aos 50 anitos, não é propriamente facil, nem normal, penso eu de que....
      Mas gosto e isso para mim é o que vale....

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  5. Viva Jorge! Esses percalços também fazem parte da pesca quanto mais não seja para aprendermos o que temos que fazer e o que nunca devemos fazer. Temos que aceitar estes episódios bizarros com a mesma elegância com que celebramos a ceira cheia de peixe! Conclusão: vale sempre a pena e esta tua experiência é parte integrante/ necessária do teu processo de aprendizagem. Grande abraço e vai-nos brindando com os teus maravilhosos relatos que são um regalo para a vista. Fica bem miudo.

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    1. Olá Nuno! Obrigado pelo comentário, tens toda a razão. Mesmo nas coisas menos boas temos de aproveitar para tirar algo de positivo, encarar como uma aprendizagem.

      Um abraço

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  6. Afinal, a chave não ficou na Pedra....sempre esteve ali á mão...estava dentro de um saco, e descobri por acaso.
    As voltas e revoltas que demos a tudo...mais de uma vez...e o raio da chave ali...
    Quando a vi ontem, desejei que ela tivesse ficado na pedra...
    Tanta chatice.
    Mês de Agosto, Silly Season, sem peixes, mar ora limpido ora escuro, pouco peixe, a comer mal, e o vento...a desgraça do vento.
    muito má epoca para estar de férias...muito má....

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  7. Boas Jorge,
    mas que grande aventura essa, deu para tudo, deu para divertir, fazer exercício físico, apanhar uns peixes mesmo no final da jornada, isso pouco importa eles contam é cá fora e deu para perder a chave do carro entre muitas mais coisas um dia para recordar por muito mais tempo.
    Estas férias andei por ai por essas bandas percorri a costa desde Mil Fontes até à Arrifana sem duvida que é uma zona deslumbrante com pesqueiros para todos os gostos, certamente muitos ficaram por ver dado o mau acesso para o carro.
    Estive em Rogil e comprei o saboroso e afamado pão para acompanhar os petiscos que fui fazendo em casa.
    Para o ano quero ver se arranjo uma casa baratinha para alugar perto do mar entre o Rogil e Odeceixe, se por acaso souberes de alguma diz-me alguma coisa.
    Quanto à pescaria deixa-me dar-te os parabéns e continuem com a aprendizagem.
    Um abraço e continua forte nas aventuras ilhadas.

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