No passado fim de semana, os Curiosos voltaram às pescas ilhadas, e para isso saíram um pouco da sua zona de conforto (Rogil) para estrear um pesqueiro, já identificado há bastante tempo como potencial alvo. A chegada à pedra correu muito bem, apesar de o caminho ser bastante trabalhoso, quer fora quer depois dentro de água. O mar era muito manso, como tem de estar para chegar com segurança à pedra, pelo menos até ter um pouco mais de prática, pois nota-se que é uma zona de fortes correntes por ter vários caneiros e pedras à volta.
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Vista aérea do local. |
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O mar neste dia estava manso, mas com um toque absolutamente necessário para dar uns sargos. |
Chegámos com o mar a meia maré, na vazante, e rapidamente verificámos que o peixe não estava muito presente, apesar de estarmos numa fase de identificação dos melhores buracos na pedra. Consoante a quantidade e qualidade do peixe que nos parecia andar por ali, ajustámos a bitola das 300 g a ver se traziamos alguns peixes para a grelha suficiente para alimentar 16 pessoas numa refeição. E infelizmente foi essa bitola que foi aparecendo ao longo do dia, embora muito esporadicamente e intercalando com períodos de quase completa inactividade. No meio lá vinha um sargo ou outro com 400/500g. As safias, estranhamente para esta altura do ano, estiveram praticamente ausentes do pesqueiro. Já estávamos quase a preparar-nos para sair do pesqueiro, com o mar já em fase avançada da enchente, quando dei com um buraco onde comecei a tirar sargos consecutivamente. Primeiro na bitola das 300/400g, até começarem a sair entre 600/800 g. Ainda consegui apanhar 4 ou 5 desse calibre. Rapidamente, em poucos minutos, uma pescaria total de cerca de 4 kg, passou a cerca de 8 kg. O objectivo de ter peixe para grelhar para todos foi cumprido.
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Quando começaram a entrar uns sargos jeitosos |
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Parte da pescaria, sem alguns dos maiores que saíram no fim. |
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Onde está a chave do carro?
Com o Sol a pôr-se rapidamente e sabendo do longo caminho até regressar ao carro, mesmo estando na fase quente de tirar peixe, tivemos de abandonar o pesqueiro. A saída foi tranquila, ainda deu para um mergulho antes de iniciar a longa e dura subida de mais de 100 metros de altura com todo o peso de peixe, material e um dia de pesca inteiro às costas. O problema foi chegar ao topo da falésia e o meu tio não encontrar a chave do carro... ups, ficou na pedra, deve ter caído do saco quando arrumava as coisas na mochila.
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A enorme subida (foto tirada de baixo para cima). |
Com poucos minutos antes de ficar noite, era impensável descer tudo de novo e voltar à pedra, sem ter a certeza se a íamos encontrar. Demorámos um pouco a abrir a porta do carro com uma técnica que o meu tio conhecia, e tentou fazer uma ligação directa, mas sem chave do carro o volante ia ficar sempre trancado...
A situação era a seguinte: Quase noite, num local isoladíssimo, beco sem saída, com estrada péssima, a cerca de 5km da vila mais próxima e sem rede de telemóvel. E com toda a gente preocupadíssima em casa (ai a minha avó...) sem poder avisar. Que fazer?
O Milagre
Estávamos já a mentalizar-nos para uma longa caminhada de 5 km até zonas habitadas à noite, estourados, todos molhados com os fatos vestidos (a roupa estava no porta-bagagens que não se consegue abrir sem chave). Quando do céu apareceram ali, praticamente perdidos, um jipe com um grupo de espanhóis surfistas. No meio daqueles caminhos todos, no meio do nada e àquelas horas, apareceram ali! Não podia ter sido em melhor altura. Deixando as coisas no carro (excepto o peixe), levaram-nos até à vila, onde contactámos para alguém nos vir buscar.
No dia seguinte tivemos de lá voltar para ir buscar o material de pesca, já no meu carro. Ainda pensámos em voltar à pedra para procurar a chave, porque a suplente estava em Beja. Mas o mar estava completamente diferente, e não arriscámos a ir.
Assim passou um dia longuíssimo. O mais violento em termos físicos que me lembro na pesca, culminado com um problema chato que tivemos de resolver. Felizmente ainda deu para trazer uns bons peixes para casa.